Caroline Ribeiro é graduada em jornalismo pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), pós-graduada em Jornalisno no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), mestra em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação também no ISCTE. Com base em Lisboa, atua como jornalista na TV Cultura e Rádio França Internacional Brasil (RFI). Escreve colunas de opinião para o Grupo de Media de Serviço Público de Portugal (RTp) e o Diário do Nordeste.
Caroline Ribeiro durante cobertura do Criança Esperança
(Foto: Caroline Ribeiro)
Em entrevista exclusiva ao Mediação, a jornalista falou de suas motivações que a levaram a ter um contato no exterior dentro da área profissional. Ela também abordou questões sobre liberdade de imprensa e expressão, o trabalho jornalístico que está ocorrendo durante a Guerra da Ucrânia e o elo entre o jornalismo e a democracia.
Por que decidiu trabalhar com o jornalismo?
Sempre fui incentivada a ler e escrever pelos meus pais e meu avô materno, que era jornalista. Sempre tive certeza do que "não queria" - tudo na área de exatas - mas tive algumas dúvidas ao longo do ensino médio, me achava muito nova para optar por uma faculdade. Embora não tenha sido tão fácil de decidir, o jornalismo foi uma escolha natural.
E como surgiu a oportunidade de trabalhar fora do Brasil? Foi muito difícil se adaptar?
Decidi sair do Brasil para fazer um mestrado, não foi com o objetivo de trabalhar fora, embora essa ideia estivesse presente. Depois que consegui voltar a um bom ritmo de estudo, já que eu havia terminado a faculdade há 5 anos, percebi que poderia conciliar a rotina do curso com outras atividades. Comecei a fazer contatos com chefias de vários veículos até que as oportunidades foram surgindo. A maior dificuldade de adaptação foi aprender a ser multifunções e fazer tudo sozinha. Pautar, entrevistar, filmar, fotografar, toda a produção das minhas matérias é feita por mim. É muito bom ganhar esse tipo de experiência, mas é bastante cansativo e nos deixa mais sujeitos a falhar em algo.
Como o jornalismo ajudou a moldar sua visão de mundo?
Sem a menor dúvida, se eu não fosse jornalista não teria nem perto das experiências que tenho hoje - em todos os aspectos, não apenas profissionais. Não acho que o jornalismo molda visões de mundo, mas nos abre o olhar e ajuda na construção de análises importantes para a nossa vida particular e em sociedade.
Gravando para a TV Cultura em Lisboa em janeiro de 2022
(Foto: Caroline Ribeiro)
Você recentemente escreveu sobre a Guerra na Ucrânia. Qual sua opinião sobre a importância do trabalho jornalístico em uma situação dessas? Você possui experiência cobrindo conflitos ou situações de tragédia?
Sem os jornalistas que estão na Ucrânia e nas fronteiras não teríamos uma percepção real sobre a gravidade dessa guerra. Aliás, o mesmo acontece em outros conflitos espalhados pelo mundo. Ainda não tenho experiência nesse tipo de cobertura.
Com o atual quadro social e político, qual conselho você daria para os estudantes de jornalismo?
Leiam muito, busquem autores de referência e saiam da própria bolha.
E para as faculdades de jornalismo?
Estou fora do meio acadêmico do Brasil já há doze anos, não sei muito bem como andam os currículos agora. Mas diria que priorizar uma formação que proporcione muitas reflexões aos alunos é um ponto fundamental sempre.
Ribeiro foi apresentadora de 2013 a 2015 da CEVT 1° edição na TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará
(Foto: Caroline Ribeiro)
Como casos de censura e falta de liberdade de imprensa podem afetar o trabalho dos profissionais de comunicação em eventos de conflito ou cobertura de tragédias? O Jornalismo ajuda a fortalecer a democracia?
Com certeza. Estamos vendo um claro exemplo agora, com a guerra contra a Ucrânia. A imprensa russa não pode falar em "guerra", apenas em "conflito" e "operação militar". Quem não obedece é punido. Dentro da Rússia, as pessoas só consomem essa informação, já que veículos internacionais começaram a ser bloqueados pelo governo, e não fazem ideia do que se passa realmente.
Qual a importância da liberdade de imprensa e expressão para a sociedade?
Uma sociedade democrática plena se constrói com liberdade de imprensa.
O melhor da profissão:
Sentimento de "missão cumprida" por contribuir para a informação de tanta gente.
O pior da profissão:
Não importa onde: não paga bem.
Quem são seus ídolos no jornalismo?
Não tenho.
Qual foi seu melhor trabalho?
Acho que tudo o que tenho produzido em Portugal para televisão é o meu melhor no momento, já que envolve muitas habilidades que tive que ir (e sigo) aperfeiçoando sozinha.
O que não pode faltar na mochila de um jornalista?
Bateria externa pro smartphone.
O melhor amigo do jornalista é...
No caso do freelancer no exterior: aquele outro colega, também correspondente, que ajuda com fontes.
O jornalismo vai acabar?
Nunca.
O jornalismo é importante?
Está claro que sim!
Lugar de jornalista é...
Onde a notícia está.
Se não fosse jornalista, seria...
Bailarina.
Qual recado para os futuros jornalistas?
Força!
Em Lisboa, Caroline Ribeiro moderou painel em evento do Clube de Mulheres de Negócios de Portugal no mês de março em 2022
(Foto: Caroline Ribeiro)
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