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Um jornalista atento sempre produz matérias relevantes, afirma Albari Rosa

Albari Rosa é um dos fotojornalistas esportivos mais conceituados do país. Um dos principais fotojornalistas do Paraná, Rosa atua há mais de três décadas no fotojornalismo, dos quais doze junto ao jornal Gazeta do Povo. Ao longo da profissão, reuniu diversos prêmios, como o Prêmio Vladimir Herzog, com a reportagem "A infância no limite", realizada em parceria com o jornalista Mauri König.

Em sua carreira como fotojornalista, Albari Rosa conta com passagens por revistas como Veja, Placar e Exame, e pelos jornais Folha de Londrina e Diário Lance. O jornalista cobriu os principais eventos esportivos do planeta, entre eles as Copas do Mundo de Futebol da Alemanha, África do Sul e do Brasil, e a Olimpíada Rio. Rosa também fez parte do seleto grupo de 170 pessoas que tiveram a oportunidade de conduzir a tocha olímpica em 2016 na cidade de Curitiba.

Albari Rosa é um dos grandes nomes da equipe de fotógrafos da Gazeta do Povo, e a primeira personalidade do fotojornalismo da série "Fala, Jornalista!". As entrevistas, que são publicadas quinzenalmente no portal da Agência Mediação, trazem novas perspectivas e diferentes visões acerca da profissão. Confira a entrevista com o fotojornalista.

Por que o jornalismo?

Porque é uma profissão importante para a comunidade, para o bom andamento do mundo e para as atividades das pessoas. O jornalismo tem uma relevância social, e quando eu entrei no jornalismo aprendi que ela é uma ferramenta que pode ajudar as pessoas.

Antes e depois do jornalismo: como a profissão te transformou?

O jornalismo te ensina a ser mais sensível com o ser humano, com as pessoas que estão mais próximas de você e com as pessoas que você nem conhece. Ter uma sensibilidade e se colocar no lugar de outras pessoas é fundamental para quem quer entrar na profissão.

Qual o conselho você daria ao Albari estudante de jornalismo?

Primeiro estudar e acompanhar muito o trabalho que todos os meios de comunicação vêm fazendo em todas as plataformas. Manter-se atualizado em tecnologia. E principalmente ler e estar sempre muito bem informado para poder ter argumentos em discussões na hora de executar o trabalho.

Qual o desafio das faculdades de jornalismo hoje?

Eu acredito que as faculdades cumprem muito bem o seu papel. Mas acho que o grande desafio é no mercado que absorve esses profissionais que saem das academias todos os anos. De achar uma maneira de fomentar esse mercado para que essas pessoas consigam se formar e trabalhar na área.

O melhor da profissão:

O melhor da profissão é você ver que o teu trabalho de alguma forma ajudou as pessoas e que ele teve um resultado prático.

"O jornalismo consegue ser o mediador

que mantém o equilíbrio na sociedade"

O pior da profissão:

É você ver que o teu esforço muitas vezes é em vão. Quando ele não surte o resultado que você estava procurando.

Quem são os teus ídolos no jornalismo?

Trabalhei com muita gente boa e na minha área de fotografia, por exemplo, tenho um grande amigo que me ensinou muito que é o Nani Góis. Ele é um profissional que eu considero um dos melhores até hoje. No jornalismo escrito é o Mauri König. Tive a sorte de ter encontrado com ele na minha carreira. Trabalhamos juntos por mais de dez anos e o considero como uma referência para o jornalismo nacional e mundial. Ele tem o perfil do que eu acho que tem que ter um jornalista.

Qual a melhor reportagem?

Não tenho uma reportagem que eleja como a que eu mais gosto. Ms posso citar duas grandes reportagens. Uma delas é a série que fiz com o Mauri König, com o nome de “Infância no Limite”. Esse foi um trabalho de muito fôlego e de muito tempo imerso no assunto, mas que rendeu bons resultados. E a outra é a da “Polícia Fora da Lei”, até por conta do risco e de quem a gente estava investigando. E eu acho que é inédito no Brasil esse tipo de reportagem, tanto a da exploração sexual de menor como a dos mortos móveis. Porque eu não conheço na história da Imprensa Brasileira uma equipe de reportagem ou uma dupla de jornalistas que tivessem feito isso.

O que não pode faltar na mochila de um jornalista?

Eu que trabalho com fotografia, por exemplo, não posso querer gravar as imagens que eu vejo na retina dos olhos ou na minha memória. Então, eu preciso ter equipamentos e ter traquejo para usar. Mas o jornalista ele tem que ter uma ótima memória, percepção e perspicácia para poder fazer o trabalho. E acredito que isto esteja embutido no perfil do jornalista, em ser perspicaz. No caso da fotografia a perspicácia é fundamental, porque você tem que prever uma cena para você poder fazer.

O melhor amigo do jornalista é…

É a verdade. É ter sempre na mente essa "à procura da verdade", e esse perfil de desconfiado de que nem tudo está muito bom como está se falando, mas também nem tudo está tão errado como também está se falando. Ter essa vontade de procurar e esmiuçar cada história e cada fato.

"Um jornalista atento sempre

descobre maneiras de produzir

matérias que sejam de relevância"

O jornalismo vai acabar?

O jornalismo não vai acabar nunca. Tem gente que fala que o jornalismo vai acabar, mas o jornalista não acaba. O jornalismo está cada vez mais sendo consumido e de maneiras diferentes. Tem pesquisas que mostram que nunca se leu e se informou tanto no mundo como de uns tempos para cá. Porque a notícia ela está na mão das pessoas, as pessoas não precisam ir em uma banca comprar um jornal, elas não precisam se locomover para se informar. E a noticia também é dinâmica. A notícia que você dá na hora do almoço, por exemplo, a noite ela já se transformou e já teve outro desfecho. E isso é importante para a notícia, essa atualização constante do fato.

Por que o jornalismo importa?

Porque dentro dessa quantidade de profissões que tem no mundo, o jornalismo consegue ser o mediador que mantém o equilíbrio na sociedade.

Lugar de jornalista é…

Na rua. Conversando com as pessoas, porque de cada saída de um jornalista para a rua, um jornalista atento sempre descobre maneiras de produzir matérias que sejam de relevância.

Se não fosse jornalista seria…

Se eu não fosse jornalista, seria um pescador.

Um recado para os futuros jornalistas:

É uma profissão muito gratificante. Apesar de ser mal remunerada e ter os seus problemas como em todas as profissões. Mas o recado que deixo é que estudem e se capacitem para o mercado, porque ele é cruel. E também não desistam no primeiro não ou na primeira negativa.

Foto: Renan Alex

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