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O passe-livre para ser racista no futebol sul-americano


Quem for a um bar, festa ou teatro e cometer um ato de racismo, normalmente será intimado, julgado e preso. Entretanto, aparentemente, se você vestir uma camisa que conste o símbolo de um clube de futebol e viajar ao país vizinho, seu passe-livre para tais crimes será ativado. Isso se evidencia não apenas na falta de punição, mas também na maneira em que ocorre quando exercida.


Em maio de 2023, torcedores do Nacional, de Montevidéu, protagonizaram cenas recorrentes em jogos da Copa Libertadores. Após se aproximarem do Estádio Beira-Rio, casa do Internacional, de Porto Alegre, os uruguaios exibiram uma banana aos colorados, em uma clara insinuação que brasileiros são macacos. Após o ocorrido, ninguém foi detido.


Eu poderia listar aqui outros 10 casos semelhantes que ocorreram nos últimos anos, mas, aparentemente, o papel do jornalista é o único que tem sido exercido no processo, já que as imagens circulam de maneira imediata em todo continente, identificando o infrator. Mesmo assim, o próximo passo, que seria de apuração e punição, dificilmente é exercido.


É claro que o racismo não é exclusivo de uruguaios e argentinos. No Brasil, a situação é bem semelhante, até mesmo, na impunidade, mas a visão que os vizinhos possuem dos brasileiros e a normalidade com que expõem beira ao inacreditável, resultando em um total descarte da ideia de união entre povos, que, apesar de próximos geograficamente, estão distantes de entender a própria história.


Como proceder a partir disso? Em primeiro plano, as autoridades devem acabar com o pensamento de passe-livre no futebol, começando a punir individualmente e não apenas as instituições com multas irrelevantes. Afinal, quantificar preços a um crime que já matou milhões em décadas passadas e mata até hoje, resulta na percepção do infrator de um claro sinal verde para continuar cometendo estes atos escandalosos.


Crédito da foto: Max Peixoto

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