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Mortalidade materna no estado do Pará cresce nos últimos anos

Segundo dados do Datasus, em 2018 ocorreram 108 mortes dessa natureza no estado, que é a unidade da federação com maior índice de óbito materno no país.



A mortalidade materna é um grave problema de saúde pública, que ocorre principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, o índice desses óbitos voltou a subir na última década e se afasta cada vez mais da meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 30 mortes a cada 100 mil nascidos vivos, até 2030. O número de mortalidade brasileiro atual está em 64,5 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos.


É considerado óbito materno as mortes que ocorrem durante ou até 42 dias após o parto e com causa relacionada à gravidez, independe da duração da gestação ou da idade gestacional. O norte brasileiro lidera o ranking de regiões do país com mais casos dessa categoria, com o Pará encabeçando a lista nacional. Em 2010 o estado apresentou 78 óbitos, com um pico de 129 mortes no ano de 2017. Para a OMS, 92% desses óbitos poderiam ser evitados.


Óbitos Maternos no Pará


Fonte: Datasus.


Analisando os dados com uma abrangência maior, os números parecem otimistas. De 1990 a 2017 a mortalidade materna sofreu uma redução de 55%, segundo o Ministério da Saúde. Mas o que poderia estar causando o seu aumento nos últimos anos em que vários campos da medicina apresentaram avanço?


Luana da Silva é enfermeira e trabalha na Santa Casa de Misericórdia do Pará, centro de referência a cuidados pré e pós-natal no estado. O contato da profissional com as gestantes ocorre em todo o período gravídico puerperal, que é um ciclo que envolve transformações profundas para a mulher nos aspectos físicos, psíquicos e sociais. O período e acompanhamento pré-natal é vital para a gestante diminuir os riscos do parto para que o bebê nasça de forma saudável. Mulheres grávidas que residem em localidades distantes sem presença de atendimento dessa natureza precisam se deslocar, muitas vezes, para outras cidades para receberem tratamento adequado. Essas mulheres figuram entre as maiores vítimas da mortalidade materna, principalmente aquelas com situação socioeconômica precária. “O pré-natal deve ter início desde o momento que a mulher descobriu a sua gravidez, de preferência que inicie esse pré-natal antes das 12 semanas de gestação”, alerta a enfermeira.



Apesar de pressão alta, hemorragia e infecção pós-parto serem as principais causas da mortalidade materna, segundo vários estudos da área, a especialista alerta para fatores externos (fora do local do parto) causadores destes óbitos: “Quando a mulher não tem uma boa assistência no pré-natal, ou é um pré-natal de baixa qualidade, que o profissional não tem a capacidade de detectar precocemente riscos. Mas também existem casos que ocorrem por falta de preparo da equipe que está prestando a assistência hospitalar”, afirma.


Outro ponto pertinente dessa problemática são os casos não investigados e sequer solucionados destes óbitos. Em tentativa de frear o número de casos, o investimento em investigação e desenlace desses eventos vem crescendo. Em 2009, apenas 55,3% dos óbitos maternos eram investigados. Já em 2017, esse percentual passou para 91%, conforme dados do Ministério da Saúde.


Hospitais e profissionais acentuam medidas de prevenção ao óbito materno


A enfermeira entrevistada foi questionada sobre o aumento de casos no estado do Pará, onde associou o maior número de ocorrências às mulheres com menores condições financeiras e que moram em locais afastados dos grandes centros. “A maioria dos serviços nestes locais não têm uma boa capacitação dos profissionais para que eles consigam identificar precocemente os fatores de risco que a mulher pode estar apresentando logo no pré-natal para poder oferecer uma assistência de qualidade.”


Quanto as políticas adotadas pela Santa Casa para frear os casos de mortalidade, estão a utilização de protocolos assistenciais, como os de hemorragia pós-parto, do abortamento, de infecção, entre outros. A capacitação dos profissionais de todos os setores do hospital também foi citada, mas não especificou de que forma é realizada. “Ter a captação precoce dessa gestante, para iniciar seu pré-natal o mais cedo possível, oferecer a possibilidade dela estar realizando os exames do pré-natal, e que a mesma possa ter no mínimo 6 consultas durante esse período”, seriam as medidas adequadas para mudar a realidade, finaliza a enfermeira.


Fotos: Pixabay

Edição: Paulo Pessôa Neto








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