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Baixo índice de vacinação contra o HPV preocupa especialistas

Número de doses aplicadas da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), que tem como público-alvo adolescentes, teve queda brusca em 2020 em relação a 2019



Imunização do HPV é feita com duas doses da vacina. (Credito da Foto: Divulgação Prefeitura de Joinville)


O Ministério da Saúde distribui de forma gratuita, desde o ano de 2014, a vacina quadrivalente, que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV). São aplicadas duas doses na população-alvo prioritária desta vacina, composta por meninas entre 9 e 14 anos. No entanto, a meta de vacinação estabelecida pelo Ministério não vem sendo atingida.


Segundo o enfermeiro do Setor de Imunização da Secretaria Municipal da Saúde de Joinville, Everton Granja de Araújo Rocha, apenas 26% desse público foi vacinado em 2019. “No ano passado nós deveríamos vacinar em Joinville 20.600 adolescentes, entre 9 e 14 anos. No entanto atingimos somente 5393. O que representa apenas 26% da nossa meta”, destaca o enfermeiro.


Dados do Datasus confirmam essa informação. A diferença entre o número de imunizações fica evidente ao comparar os anos entre 2018 e 2020.


Mesmo não atingindo a meta nos últimos anos, observava-se um crescimento superior a 23% no número de doses aplicadas ao compararmos 2018 e 2019.

Levando em consideração apenas os dados disponíveis até agosto do último ano, ao compararmos o mesmo período nos dois anos anteriores, o número de doses aplicadas despencou. O Datasus mostra uma queda de aproximadamente 32%.


Os números que já não eram bons nos anos anteriores, preocupam ainda mais, conforme explica a médica coordenadora do ambulatório de Patologia do Trato Genital do Hospital Hans Dieter Schmidt de Joinville, Natacha Machado. “O câncer de colo de útero é uma das principais doenças que levam as mulheres à morte. E ele é causado, em 99% dos casos, pelo papilomavírus humano”, destaca a ginecologista.


A médica ressalta ainda que a maior incidência da doença é em mulheres com mais de 45 anos, no entanto, é cada vez mais comum pacientes por volta dos 30 anos apresentar o diagnóstico deste câncer. “O HPV tem grande incidência na população sexualmente ativa. Estudos indicam que já na primeira relação sexual a chance de ter contato com o vírus é de 20%. Em três anos esse percentual sobe para 54%. Por isso é tão importante que os pais vacinem seus filhos antes do início da vida sexual, protegendo-os para o futuro”, explica a doutora.



Natacha Machado é médica ginecologista (Foto: Arquivo Pessoal)


Além disso, há uma grande proporção do chamado “abandono”, uma vez que a vacina só irá proporcionar imunidade quando a adolescente tomar as duas doses, como lembra o enfermeiro do Setor de Imunização Everton Granja de Araújo Rocha. “Após seis meses da primeira dose, a adolescente precisa retornar à unidade de saúde para tomar a segunda para ficar imunizada. Dos 5.393 que tomaram a primeira dose no ano passado, apenas cerca de 3.800 retornaram”, destaca.


A desinformação que gera ressalvas com a vacina


Vacinação do HPV sofre com preconceito dos pais de adolescentes que estão na população-alvo da vacina, segundo Mario José Bruckheimer, gerente de Vigilância da Secretaria Municipal da Saúde. “Muitos pais estão evitando abordar o tema com as filhas pelo temor de um início precoce da vida sexual delas. Isso tem sido observado em capacitações que realizamos nas escolas”, diz o gerente.


Natacha Machado lembra que se trata dos únicos tipos de câncer que podem ser prevenidos com uma vacina, mas infelizmente, as pessoas ainda relutam em levar seus filhos aos postos de saúde por medo ou desinformação. “Tomar medidas para prevenir doenças sexualmente transmissíveis não é estimular o sexo. Quanto mais informação os adolescentes tiverem, mais conscientes serão de suas escolhas e mais protegidos estarão”, diz.


Editado por Renata Cristina

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