top of page

Baixa na cobertura vacinal aumenta riscos e preocupa profissionais da saúde

Com a ascensão do movimento antivacina, a abrangência da cobertura vacinal diminui a cada ano. Órgãos públicos alertam sobre os riscos da não vacinação para a população.



Imagem: Freepik


A vacinação infantil é um dos assuntos que atualmente gera bastante polêmica em tempos de pós-verdade. De um lado estão os pais que acreditam na importância de prevenir seus filhos de doenças como Rubéola, Sarampo, Hepatite tipo A e B, ainda na fase inicial da vida através da vacinação. De outro, estão aqueles que duvidam da necessidade e eficácia desta medida de prevenção.


De acordo com dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), pela primeira vez em 20 anos, o Brasil não atingiu a meta de vacinação infantil. Oito das nove vacinas indicadas para bebês e crianças não atingiram a meta de cobertura vacinal. Um dos motivos é o número crescente de adeptos ao movimento antivacinal.


Leandro Torres é enfermeiro, funcionário da Prefeitura de São Paulo, atuante na Coordenadoria Regional de Saúde Oeste e no Posto de Abastecimento de Distribuição de Imunobiológico (PADI) Centro-Oeste. Em entrevista, contou que “depois da água potável, as vacinas foram o desenvolvimento tecnológico criado pelo homem que mais salvou vidas em toda a história! Ou seja, crianças vacinadas significam mais qualidade e expectativa de vida. Com todos vacinados, teremos uma sociedade mais segura”, afirmou.


No ano de 2019, a Cúpula Global de Vacinação, reunida na Comissão Europeia e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre a situação. O presidente da Comissão Jean-Claude Juncker chamou a atenção para um dado importante que comprova a importância das vacinas: “A vacinação já evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano e pode impedir mais 1,5 milhões se a cobertura global melhorar”.


Dentre as principais ameaças para a saúde em 2019, a OMS listou em oitavo lugar a relutância para vacinar. De acordo com o Fundo Nacional de Saúde, por mais que existam doses disponíveis, essa recusa “ameaça reverter o progresso feito no combate a doenças evitáveis por imunização”. Mesmo a vacina possuindo um custo-efetivo positivo para os países, a cobertura vacinal está cada vez menor, o que preocupa ministros e entidades mundiais.


Cobertura Vacinal por Região (2019-2020)


Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS). Infográfico: Sabrina Girotto


Fernanda Torres é fonoaudióloga e esposa de Leandro. O casal possui três filhos; Beatriz de 5 anos, Gustavo e Heitor de 2 anos. Fernanda diz estar preocupada com a situação no país. “Fico com medo quando vejo os números da cobertura vacinal. Com as estatísticas caindo, corremos o risco de doenças que já estavam erradicadas retornarem, causando enfermidades e mortes. Acho um absurdo pensar que doenças podem reaparecer, sendo que temos vacinação gratuita pelo SUS” confidenciou a mãe.


Desde o ano de 1796, a vacina, criada por Edward Jenner, vem erradicando diversas doenças infecciosas, chegando até mesmo a eliminar algumas. A poliomielite é uma delas. A doença que apresentou, em 2016, a menor taxa de vacinação em 12 anos, segundo o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), havia sido considerada imunizada. Entretanto, lacunas na cobertura vacinal permitiram que, nos últimos anos, fossem notificados surtos da doença.


Pensando nisso, a dupla instituiu no Instagram o projeto Hora de Vacinar, com a finalidade de oferecer informação de qualidade. No IG, alerta-se mães e pais sobre a necessidade da prevenção, indicam melhores locais para a realização da vacina, publicam dados sobre a saúde da população e desmascaram Fake News.


Adeptos ao Movimento Antivacina ameaçam saúde pública


Formado por pessoas que se recusam a serem imunizadas e/ou a imunizarem seus filhos, o movimento conta com diversas vertentes. O argumento base é o mesmo: acreditam que bebês e crianças não possuem maturidade imunológica para serem vacinadas e questionam o fato de serem aplicadas em uma mesma dose, a imunização de diversas doenças. Para eles, seria melhor distribuir as aplicações de forma que fosse uma dose para cada enfermidade.


Leandro diz estar preocupado ao ver grupos como esses crescendo. “Meus filhos estão vacinados, então o risco para eles é muito menor. Mas me preocupo com a geração que não dá atenção à prevenção e acredita em fontes não confiáveis ou em falas duvidosas. O que tem que ficar claro é que precisamos fazer nossa parte individualmente”, acrescenta Torres.


De acordo com o profissional, as Fake News sobre vacinação estão diretamente ligadas à decisão dos grupos Antivacinas. O número de rejeição só aumenta, deixando a sociedade ainda mais exposta a doenças infecciosas. Exatamente por este motivo, os órgãos públicos e pessoas como Leandro e Fernanda, estão empenhados para reverter este quadro e conscientizar o maior número de pessoas possíveis sobre a importância da imunização geral.


Edição: Paulo Pessôa Neto

bottom of page