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Apura Verdade debate desinformação nas organizações

Atualizado: 24 de out de 2022



Com o tema "desinformação nas organizações", o terceiro episódio do Apura Verdade contou com a participação do professor Daniel Reis Silva, sub-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da jornalista Rosângela Florczak, doutora e mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e especialista em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Nesta edição, o programa debateu como as organizações podem ser afetadas pela desinformação e ter suas marcas e reputações vinculadas a produtores de conteúdos falsos. Daniel Reis falou do seu estudo sobre "astroturfing", desenvolvido em sua dissertação de mestrado. Ele explica que o termo se refere a "uma prática abusiva de comunicação, em que você simula um público para tentar ganhar algum tipo de influência da opinião pública. Você simula um apoio popular para uma determinada ideia onde ela não existe".


Para Reis, essas práticas abusivas de relações públicas existem muito antes da pandemia de Covid-19, por exemplo, e continuarão a existir, pois elas geram resultado. Embora tragam um risco, faz-se um cálculo do benefício que pode ser gerado ao lançar um dado que não seja verdadeiro.


Em relação à responsabilização, Florczak defende que "são vários agentes sociais que precisam assumir a responsabilidade de combate à desinformação". Ela faz uma crítica às instituições educacionais de todos os âmbitos e afirma que são "agentes que parecem completamente alheios a esse tema, não enxergando a sua responsabilidade social no trato da desinformação". Para a jornalista, a própria grande imprensa está chegando tarde para assumir a incumbência de dizer o que é uma informação apurada. "Esses movimentos acontecem quando o risco reputacional começa a pegar nas marcas", completa.


Outro aspecto é como o algoritmo propicia a disseminação de conteúdos desinformativos nas plataformas de redes sociais. Florczak explica que o algoritmo gosta do conflito, pois ele movimenta e dá audiência. "As marcas também gostam da audiência, elas ainda acreditam que a visibilidade é mais importante que a credibilidade, que a visibilidade é mais importante do que a consistência e a coerência com a sua identidade, com as suas causas, com a sua responsabilidade social", finaliza.


Mas a visibilidade também pode vir acompanhada de riscos para a reputação de uma marca ou de uma organização. "O risco reputacional se intensifica com esse ambiente midiático de vigilância. Antes disso, a gente não tinha como denunciar grandes marcas. Veja esse fenômeno muito comum que acontece hoje da pressão sobre os patrocinadores de marcas que incorrem em situações que afetam as grandes causas sociais", explica Florczak.


Na perspectiva de Reis, hoje em dia somos expostos a um excesso de informações. "E esse excesso, principalmente digital, dificulta muito a vigilância. E ele faz com que, se você entende as lógicas de vigilância, você consegue até dominar isso e escapar dessas lógicas", afirma. Florczak defende que a política pública deve vir acompanhada de um diálogo social sobre esses temas, pois "o usuário comum ainda tem uma visão recreativa das plataformas. Ele ainda acha que vai lá e posta uma imagem, posta seu posicionamento político de forma impune".


Confira o programa completo aqui.


O projeto


O programa Apura Verdade é um projeto do grupo de pesquisa Novas Práticas em Jornalismo: Inovações no Ensino para o Combate à Desinformação. Orientado pelas professoras Karine Vieira e Monica Fort, traz entrevistas com jornalistas e pesquisadores que trabalham no enfrentamento da desinformação.


A finalidade é falar sobre as práticas desenvolvidas nesse processo e entender o contexto do atual trabalho jornalístico. A segunda temporada do programa busca trazer conversas sobre como a desinformação afeta a sociedade em diversas áreas do conhecimento.


As edições


O programa está disponível no YouTube, Spotify e você também pode acompanhar pelas redes sociais, no Facebook, Instagram e Twitter.


Crédito da Imagem: Print do programa.

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