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Rafaelle Batista

Suspíria - A Dança do Medo (2018)


foto: Pixabay

De início, esteja avisado: “Suspíria” não é para todo mundo. Tem que ter estômago para encarar algumas das cenas no mínimo incômodas que o remake do clássico de 1977 (direção de Dario Argento) nos apresenta. O filme de horror e melodrama, descrito desta forma pelo diretor Luca Guadagnino, conta a trajetória da dançarina novata Susie Bannion (Dakota Johnson) em seis atos e um epílogo. Ela deixa sua família nos Estados Unidos para tentar uma vaga na prestigiada academia de dança Markos Tanz Company, em Berlim.

A narrativa entrega logo no começo que as bruxas fazem parte da história, numa conversa entre a perturbada dançarina Patricia (Chloë Grace Moretz) e seu terapeuta, Dr. Josef Klemperer (Tilda Swinton). A fotografia é escura, o que em algumas cenas exige do espectador um pouco mais de atenção para distinguir o que está acontecendo. Um elemento que deixa a desejar é a apresentação da história por trás das bruxas, feita apenas por meio de declarações do terapeuta que investiga o sumiço de sua paciente, e de falas da própria bruxa, Madame Blanc (Tilda Swinton).

O roteiro usa como pano de fundo o cenário político da Berlim da década de 1970, durante a Guerra Fria, para justificar algumas cenas do filme, como o desaparecimento de Patricia e a persistência da academia em continuar com a dança, mesmo em “tempos sombrios”. Mas não se aprofunda no assunto, tornando a referência política um tanto superficial ao longo do filme.

Com o desaparecimento de Patricia, a dançarina principal da academia, Olga (Elena Fokina) é cotada para assumir o papel da colega. Mas começa a suspeitar das desculpas que a professora de dança Madame Blanc dá para o sumiço da jovem. A tensão cresce até resultar num surto durante o ensaio, levando Olga a deixar a academia. É aí que Susie (Dakota Johnson) prontamente se voluntaria para ser a protagonista do espetáculo. Prepare-se para a sequência mais agonizante do filme, repleta de sons e imagens de alto impacto.

É importante destacar o movimento das câmeras, que capta bem o corpo e a reação das atrizes durante a cena, entrelaçando a dança de Susie com a tortura e punição de Olga de forma crua e brutal.

O filme evidencia o desgaste físico e emocional das dançarinas, resultado dos ensaios exaustivos e da interferência das bruxas, com suas intenções e simbologias que ficam explícitas apenas para o espectador. Elas precisam das garotas para completar um ritual, e ao longo do filme usam sua “energia” enquanto dançam para se manterem mais fortes. É interessante a forma como a narrativa aborda a dinâmica do coven, com cenas que chocam pelo absurdo, e as intrigas pela sua liderança.

O ápice do filme está nos atos finais, com o ritual em si. Se antes já fomos apresentados a cenas de estética brutal, agora o grotesco atinge outro nível com uma reviravolta mais que bem-vinda, ainda que um pouco forçada.

O filme de Luca Guadagnino pode dividir opiniões, mas o diretor não deixa de entregar uma trama original e refinada, além de boas atuações por parte do elenco. Suspíria é uma boa pedida para quem busca outras alternativas de horror além dos batidos jump scares da atualidade.

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