Série especial em vídeo celebra a memória, a cultura e a coletividade preta

Autor: Madson Lopes

Série estreia no dia 12 de novembro, às 11h, no canal da TV Uninter no YouTube, com novos episódios divulgados semanalmente

Neste Mês da Consciência Negra, o programa Papo Castiço, da TV Uninter, lança “Sankofa – O Futuro é Ancestral”, uma série especial de três episódios dedicada a valorizar a memória, a cultura e as práticas de afirmação da população negra em Curitiba. Produzida pela Central de Notícias Uninter (CNU), a série estreia no dia 12 de novembro, às 11h, no canal da TV Uninter no YouTube, com novos episódios divulgados semanalmente. 

Sankofa vem do povo Akan, da África Ocidental, e é representada por um pássaro com a cabeça voltada para trás. A palavra significa “voltar ao passado e pegar aquilo que importa” e sintetiza o conceito que atravessa toda a série: a ancestralidade como um movimento contínuo, que retorna e se reinventa a cada geração. 

Dividida em três capítulos, a produção segue um fluxo narrativo que destaca a oralidade, a arte e a coletividade como pilares dessa herança. O primeiro capítulo, “Oralidade e Memória”, mostra como a tradição oral foi um pilar fundamental para a formação do que se tornaria a cultura afro-brasileira. Essa cultura — presente na música, na dança, na religião, na língua e em tantas outras manifestações — resistiu a uma tentativa de apagamento que perdura até hoje. 

Desde meados do século XVI, quando as primeiras pessoas foram arrancadas do continente africano e trazidas ao Brasil, teve início o que o historiador Marcel Malê define como memoricídio: “a destruição da memória de um povo, de um lugar, de uma região, de uma cultura”. Na diáspora, foram os contadores de histórias os responsáveis por guardar e transmitir saberes e tradições ancestrais. 

Na atualidade, ainda há esses guardiões da memória, que transmitem a crianças e adultos as histórias não contadas dos heróis e heroínas do seu povo. “Prefiro contar as histórias de pessoas negras, de heroínas negras, de heróis negros, de realidades negras, porque a gente tem uma cultura gigantesca e pode compartilhar histórias em que nós somos os protagonistas”, afirma Cleo Cavalcantty, uma dessas guardiãs.

Ritmo, música e dança

A partir do segundo capítulo, a palavra falada se transforma em “Ritmo, Música e Dança”. Nele, o corpo e o som se tornam ferramentas de acesso à liberdade e à identidade. Parte das gravações foi realizada na Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio, no centro de Curitiba, uma das mais antigas instituições fundadas por pessoas negras no Brasil. No local acontece, atualmente, o “Um Baile Bom!”, festa e movimento cultural inspirados nos bailes black das décadas de 1970. 

Por anos, espaços como esse foram descritos como locais de resistência, uma nomenclatura que a comunidade preta busca cada vez mais ressignificar e expandir a ideia de militância para além da luta constante contra a opressão. “Quando a gente diz que, mesmo se divertindo, a gente está resistindo, continuamos dizendo que não somos livres. O baile é uma forma de manifestação da existência plena, feliz, de se divertir e dançar com os ancestrais”, explica Brenda Santos, cofundadora da festa. 

Esses espaços, que fortalecem o senso de pertencimento, são explorados no último capítulo, “Comunidade e Coletividade”. Nele, membros de coletivos e espaços de cultura se juntam para refletir sobre a importância de promover o que chamam de quilombos urbanos. São esses pontos, muitas vezes escondidos nas grandes cidades, que reforçam o sentimento de identidade, promovem acolhimento, preservam tradições e abrem caminhos para o futuro. 

Além dos convidados citados, a série reúne depoimentos exclusivos gravados em espaços simbólicos da cultura negra em Curitiba, como a Casa Cultural Àlàáfíà, o Casarão Aroeira e o Patuá Bar. A produção também conta com imagens de apoio e trechos de entrevistas de convidados que já passaram por algumas das mais de 100 edições do programa.

O Papo Castiço é um programa semanal da TV Uninter que coloca em evidência a população negra, com todas as suas pautas, adversidades e vitórias.