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Parahyba Rio Mulher, a história de uma protagonista silenciada

Atualizado: 3 de abr. de 2019

Uma peça que está em circulação pelas ruas de Curitiba é a Parahyba Rio Mulher. Nela, as atrizes Ana Carolina Guedes, Cely Farias, Jinarta, Kassandra Brandão, Natália Sá fazem o público rir e se emocionar com textos e simbologias que relatam a realidade de muitas mulheres do Brasil.



Espetáculo aborda a força da mulher e denuncia a violência diária

“A mulher é parte da história e o seu protagonismo é historicamente silenciado. Isso é uma violência da historiografia oficial do nosso país, da nossa sociedade, da nossa construção patriarcal, por isso é importante estarmos na rua, contando a nossa história”, afirma uma das atrizes do espetáculo, Natália Sá.

Ouve-se um som de tambor vindo lá de longe, o público curioso procura de onde está vindo o barulho. As mulheres aparecem com bacias na cabeça e vestidas de branco, representando a figura da mulher dona de casa, que lava roupa e cuida dos filhos. Dentro da bacia há um líquido vermelho, com o qual elas se banham.



A ancestralidade revela um histórico de silenciamento e violência contra a mulher

As atrizes se revezam em monólogos utilizando itens simbólicos, abordando temas como feminicídio de negras, liberdade da mulher, xenofobia, machismo, ancestralidade. Tudo ligado a história de Anayde Beiriz, professora e poetisa brasileira que teve seu nome ligado a história da cidade de João Pessoa, antiga Parahyba, devido à tragédia em que foi envolvida, juntamente com o advogado e jornalista João Duarte Dantas. A ancestralidade revela um histórico de silenciamento e violência contra a mulher e convida a resistir e continuar a jornada.

Há uma grande interação com o público, que participa fazendo e respondendo perguntas, batendo palmas ou mesmo se emocionando. O ator Mauro Carvalho, 30 anos, participou dessa apresentação como público. Para ele, a encenação mostra o sofrimento feminino.

“Essa peça foi a melhor que eu vi nos últimos tempos, me comoveu, foi muito forte. Tenho mulheres guerreiras na família, que sofreram e batalharam muito para eu estar hoje onde eu estou, vi minha vó no espetáculo em vários momentos, quero trazer o pessoal da minha peça para assistir essa também”, afirma Carvalho.

A distância que não impediu a força da história - o espetáculo surgiu a distância. Natália Sá, que reside em São Paulo, há um ano e meio, pensou na obra junto com as demais atrizes que moram na Paraíba.


Natália sentiu a necessidade de contar a história de Anayde Beiriz e propôs uma apresentação pontual, no aniversário da cidade de João Pessoa, devido às limitações que ocorrem quando os ensaios são a distância. “Sempre tivemos muita confiança na nossa sintonia, já éramos amigas antes do espetáculo, eu sabia que era com elas e que iria dar certo”, aponta a atriz.

Parahyba Rio Mulher estreou em agosto de 2018, e está sendo incrivelmente bem recebida pelo público como espetáculo de rua. Segundo Fábio Barbosa de Souza, que trabalho no festival, a recepção do público de rua tem sido bem acalorada neste ano.


“São dois públicos diferentes, o que sai de casa para ver a peça e o que está passando e é atraído, e essa é uma vitória das peças de rua, dar espaço para as pessoas saírem da rotina. A recepção do público que mora nas ruas também é muito grande, eles esquecem por um momento suas vidas sofridas para ver uma peça”, afirma.

Texto e fotos: Giovanna Palma

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