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“Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar” é um filme sobre trabalho


Com a palavra, a diretora Rita Azevedo do filme “A Portuguesa” em um bate-papo com a produtora do documentário “Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”, Nara Aragão e João, também integrante da produção. Crédito: Patrícia Lourenço

Exibido na mostra Olhares Brasil, o documentário dirigido por Marcelo Gomes, “Estou me guardando para quando o carnaval chegar”, busca contar a história daqueles que trabalham em condições precárias durante os 364 dias produzindo em torno de 20 mil calças jeans ao ano, e só possuem 1 semana de folga, a semana do carnaval. É na cidade de Toritama que o diretor cresceu e, anos depois ele retorna à cidade e se espanta com a transformação do local. Quando criança, havia em média 6 mil pessoas, agora, passou a ter 40 mil pessoas apenas na produção de jeans de indústrias locais que gira a economia da cidade.


É um filme que se dedica olhar para o trabalho, de acordo com a produtora Nara Aragão. “Os trabalhadores das fábricas, não paravam de trabalhar nem para dar a entrevista”, explica. Um dos diferenciais do documentário é o som, em meio às cenas, o barulho das máquinas é constante, o tempo todo. João, produtor do filme, comenta sobre a proposta sonora: “na cidade é assim, você está em qualquer lugar e o barulho das máquinas estão lá, optamos por deixar o mais real possível”.

Estou me guardando para quando o carnaval chegar, busca compreender a relação dos moradores frente a esse polo comercial de jeans que é Toritama. Se propõe a levantar questões importantes vinculados ao trabalho e Nara Aragão enfatiza, “as pessoas locais tinham o medo que fossemos denunciar as condições de trabalho, a cidade é movida por essas indústrias, portanto, não queriam perder seus empregos”. Essa situação não é um fato isolado, no Brasil, em 2018, foram identificados 1,7 mil casos de trabalho escravo, de acordo com as ações fiscais da Inspeção do Trabalho.


O documentário tem a estreia marcada para 11 de julho e, em tom de brincadeira, os produtores afirmam não saber se os entrevistados irão parar de trabalhar, nem para assistir ao filme.


Texto e fotos por: Patrícia Lourenço

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