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A fúria dos corpos na luta contra a opressão

Expectativa e entusiasmo não faltaram na fila de espera que se formava em frente ao Teatro de Reitoria. Lá dentro, com o auditório lotado, as vozes deram lugar ao silencio, o espetáculo estava prestes a iniciar sobre os olhos atentos do público.


As luzes foram apagadas, aos poucos o palco ia ganhando formas. Fúria começou. Plateia atenta, olhos fitos nos primeiros movimentos. O silêncio se fez presente nas primeiras trilhas. Artistas entrosados, movimentos precisos, detalhes que encantavam o público.

Na sinopse do espetáculo, o trecho da obra “A paixão segundo GH”, de Clarice Lispector, resume a essência da encenação, que denuncia a desigualdade social, o racismo e a brutalidade da luta de classes.



“O mundo só não me amedrontaria se eu passasse a ser o mundo. Se eu for o mundo, não terei medo. Se a gente é o mundo, a gente é movida por um delicado radar que guia. ’ Como nos tornamos mundos? Como podemos ser guiados por um radar delicado e, neste lugar, específico e singular que é o palco, criar um mundo? Um mundo de estrondos e fúrias”-Clarise Lispector.

Sem piscar, concentrados, as cadeiras cheias admiravam cada movimento. Giovani, de 25 anos, não tirava os olhos do palco, admirado como a qualidade se impressionando a cada movimento e as formas de representações.


O espetáculo trata sobre a escravidão, do preconceito com o negro e do abismo social no Brasil. Ao todo, nove artistas compunham o espetáculo. Todos eles fazem parte da Companhia de Danças Lia Rodrigues, que conta com o apoio da Rede da Maré e do Centro de Artes de Maré, no Rio de Janeiro. A Companhia completa 30 anos e estreou esse novo espetáculo na França. A encenação, que está estreando no país, já tem agenda cheia para os próximos meses. Um dos destinos será Portugal.



Segunda Lia, Fúria foi criado em oito meses intensos de trabalho no Complexo da Maré, na zona norte da capital fluminense, em 2018. Para ela, participar do Festival de Curitiba é de extrema importância para a arte e para o reconhecimento do trabalho do grupo. “Vida longa ao Festival de Curitiba”, brada Lia.

Texto e fotos: Maria Eduarda Biscotto

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