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Em Videira (SC), numeração errada nas casas causa transtorno à população

Problemas na identificação numérica de casas e edifícios, seja por erros na sequência, seja pela inexistência do número, interferem muito mais do que se imagina na vida das cidades e das pessoas. Um imóvel não identificado pode dificultar a entrega de uma fatura pelos Correios e até mesmo representar um risco à vida se, em uma emergência, os socorristas não encontrarem o local da chamada.

Em Videira (SC), há alguns meses, um estudante precisou urgente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), e morava na Avenida Joaquim Amarante, sem número. Como a avenida tem quase dois quilômetros, ele só foi salvo a tempo porque Mari Rodrigues, oficial de justiça, 56, que trabalha no local há 22 anos, informou o endereço.

A enfermeira Débora Ribeiro, que atendeu o caso na época, diz que o SAMU, em inúmeras ocasiões, enfrenta dificuldades em encontrar os pacientes. Débora destaca a importância da numeração correta nos imóveis, sobretudo quando o assunto é salva vidas, uma vez que, por exemplo, em ocorrência de infarto, eles têm de três a cinco minutos para evitar a morte da pessoa.

A numeração predial inadequada ou inexistente, além de colocar em risco vidas humanas, também causa inúmeros prejuízos materiais. De acordo com o gerente de distribuição dos Correios do município, Engelberto Ilson Fuerst, 45, cerca de 25% das encomendas são devolvidas ao remetente em razão de endereçamento deficiente. Fuerst relata que os carteiros mais antigos já “decoraram” as irregularidades dos endereços da sua área, como números totalmente fora da sequência, e duplicidade de números na mesma rua.

É o caso do carteiro Moisés Luiz, 46, que memorizou boa parte da cidade. De cabeça, Luiz arrisca não apenas os endereços, mas sobretudo indicar as casas e o comércio local, como por exemplo uma igreja que fica bem no meio da rua João Casagrande, cuja entrada só é possível após passar por outras três ruas em forma de U. Ou ainda o "estranho" caso da rua Luís Bom, em que o carteiro afirma que a numeração cresce para os dois lados, ao invés de ser crescente somente em uma direção. Assim há forte dependência da memória e experiência do profissional.

Katia Almeida, 39, gerente de loja de móveis da Rua XV de Novembro, disse que eles perdem muito tempo na entrega de móveis por irregularidades na numeração no endereço, gerando atrasos nas demais entregas. Como alternativa para minimizar o problema, colocam no cadastro do cliente a cor da casa e outras referências. Os próprios clientes reclamam da falta de numeração na casa em que moram.

Parte do problema, segundo a assessoria de projetos municipais da Secretaria de Planejamento da cidade de Videira, e do proprietário do imóvel. Segundo o município, o proprietário deve solicitar a numeração ao legalizar a construção. Após receber o número do imóvel, cabe ao proprietário comprar e afixar o número no seu imóvel. Os prejuízos econômicos e riscos à vida humana são um alerta para a importância dos números nas edificações urbanas. É necessária a responsabilidade de cada proprietário e dos órgãos públicos para que a numeração predial propicia a economia de recursos e também traga mais organização e qualidade de vida para as pessoas que moram e trabalham na cidade.

Foto: Sonia Maria Cardozo dos Santos

Matéria originalmente realizada pela aluna Sonia Maria Cardozo dos Santos, de Videira (SC) para o jornal Marco Zero.

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