O filme inicia com plano sequência e contra-plongée filmando os cabos de luz em uma favela carioca, e já prende a atenção de quem o assiste. “Um filme de verão”, premiado na 22ª Mostra de Tiradentes, conta a história de quatro adolescentes no período de férias de verão na periferia do Rio de Janeiro, Rio das ostras. Com um tom documental e diálogos que buscam o real, o filme aborda temas como: tecnologia na adolescência, religião, dificuldades e problemas da periferia, trabalho desde cedo e o fato de ser adolescente, dentre outros.
O longa-metragem tem seu início no período em que a diretora, Jô Serfaty, era professora de cinema de um Colégio Público, onde conheceu os protagonistas do filme, e se interessou por suas vidas, “depois que estava claro que iríamos realizar o projeto, ficamos imersos em um casa para desenvolvermos e nos apropriarmos do cinema e da arte como um todo”, afirma.
O roteiro é feito em conjunto com os estudantes e se propõe a ser um filme de equipe. Com fotografia impecável, o longa foge da esperada visão de filme de férias, ou, filme de verão. De acordo com a diretora, “estamos acostumados a sempre vermos os mesmos filmes sobre férias e suas aventuras na sessão da tarde, porque não uma história que retrata a realidade como essa?”, conta.
“Um filme de verão”, não possui uma linearidade em sua narrativa, e isso acaba enriquecendo o roteiro. É um filme em rede, aborda conexões, sejam elas de amizade, relacionamento ou religião. O ato de filmar os cabos de luz conectados e seus simbolismos, traz riqueza de forma simplista. E, assim, a história acontece, sem muitos percalços e conflitos que estamos acostumados a esperar, como a vida, em ritmo de realidade.
Texto e fotos por: Patrícia Lourenço
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