Recém entramos no sexto mês do ano, e ações negativas para o cenário cultural do país preocupam. Por meio do governo atual, o Ministério da Cultura foi extinguido, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), fonte de financiamento público, suspendeu temporariamente o repasse de verbas para filmes, a Petrobras informou que não haverá patrocínio para 13 eventos de cinema, sem contar as reformas da Lei Rouanet. Esse cenário assusta, mas engrandece eventos como o 8º Olhar de Cinema, festival que permanece.
Jo Sefartyjo Sefarty, diretora do filme “Um filme de verão” que teve o longa exibido na mostra Pequenos Olhares, acompanha o festival desde o seu início e ressalta sua importância. “Em um momento tão nebuloso para o cenário do cinema nacional, ter um festival como esse, só traz mais visibilidade. Enquanto temos festivais esse ano que não irão acontecer por conta da falta de recursos do governo, o 8º olhar de cinema só cresce”, comenta.
A produção cultural e a arte fazem parte do processo educacional e da formação de uma sociedade para definir sua identidade, porém, de acordo com a cientista política, Alexandra Lourenço, as manifestações artísticas costumam ser vistas por governos como menos importantes em um momento de crise econômica, o que é um equívoco. “A grande diferença nesse momento, é que as manifestações culturais no Brasil estão sendo vistas como algo que se não controlado pelo Estado, acaba se tornando perigoso, contra os interesses daqueles que defendem as pautas atuais, como, por exemplo, a demonização das formas de incentivo e fomentos de produções culturais, como a Lei Rouanet”, afirma.
O festival internacional, que conta com 131 exibições de documentários, curta metragens, longa metragens e animações, para muitos, além de servir como vitrine, também, é um espaço de ressignificação. Para o diretor de cinema, Igor Urben, participante do festival com o filme “Mirror mirror on the wall” da mostra Olhares Paranaenses: “O 8º Olhar de Cinema é fundamental para o momento cultural que estamos vivendo, precisamos de resistência no cinema. Além disso, esse ano a mostra está muito inclusiva”, conta. Em meio a dificuldade, o festival continua como combate e teor de voz a todos.
Texto por: Patrícia Lourenço
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