Midiatize aborda os riscos da precarização no Jornalismo
- Dandara Gomes
- 21 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 7 dias
Em comemoração ao Dia do Jornalista (7 de abril), a 52° edição do Midiatize trouxe à tona discussões essenciais sobre o jornalismo independente. A jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Aline Reis, foi convidada especial do programa, que abordou a importância do jornalismo de qualidade e a luta pela valorização da profissão.

Apresentado pelos professores Guilherme Gonçalves e Alexsandro Teixeira, o programa destacou um momento crucial na história do jornalismo brasileiro: a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria de Gilmar Mendes, que derrubou a exigência do diploma para o exercício da profissão. Essa mudança gerou debate acalorado sobre a importância da qualificação e da formação adequada para os jornalistas, especialmente em um cenário no qual a desinformação e a falta de rigor ético são cada vez mais comuns.
“Para que a população tenha informação de qualidade, é preciso que existam profissionais de qualidade informando. Então, a exigência do diploma não é algo que beneficia apenas os jornalistas, mas a sociedade como um todo, pensando na qualidade e no compromisso ético com a informação”, avaliou Reis.
Aline traz como exemplo um preocupante incidente de desinformação que circulou amplamente entre o público. A jornalista Cecilia Zarpelon, sua colega de redação no Jornal Plural, investigou a alegação de que a placa do carro funerário que transportava o corpo da Rainha Elizabeth homenageava o ex-presidente Jair Bolsonaro com a inscrição "B17". Essas informações foram checadas e desmentidas por vários jornalistas brasileiros, que entraram em contato com o Palácio da Rainha para verificar a autenticidade da placa. Incluindo Zarpelon, que entrou em contato com o Palácio da Rainha para a confirmação dessas alegações. Foi confirmado que não havia nenhuma conexão com o ex-presidente.
“Não é uma questão de apoiar o presidente A ou o B, mas uma questão, de que aquela placa podia ser qualquer coisa, que as pessoas iriam acreditar, pois na internet é tudo verosímil, não estamos habituados e preparados a receber tanta informação ou desinformação, como recebemos”, pontuou.
“Então somente o jornalista profissional consegue realizar corretamente a checagem desses dados. Você acha que o palácio, vai atender qualquer outra pessoa, que não prove, que é um jornalista e está realizando uma checagem?” questionou.
O relato demonstra como a ausência da exigência do diploma para o exercício do jornalismo pode resultar na precarização das condições de trabalho e dos salários dos profissionais da área. Sem a formação, o mercado se abre para a contratação de indíviduos não qualificados, levando à redução da qualidade do jornalismo. Essa situação pode resultar em salários mais baixos, uma vez que empresas buscam cortar custos ao contratar profissionais sem diploma, que frequentemente aceitam remunerações inferiores.
Além disso, a falta de formação adequada compromete a ética e a responsabilidade na prática jornalística, prejudicando a credibilidade da profissão e a confiança do público nas informações divulgadas. Portanto, é essencial que o exercício da profissão seja reservado a profissionais qualificados, assegurando um jornalismo responsável em meio à desinformação.
Sobre o Projeto Comprova:
Aline Reis e Cecília Zapelão são participantes ativas do Projeto Comprova, uma iniciativa colaborativa e apartidária liderada pela Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação do Brasil. O objetivo do projeto é investigar e desmascarar informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que circulam nas redes sociais e aplicativos de mensagens. O Comprova visa combater as técnicas de manipulação e disseminação de conteúdos enganosos, unindo parceiros comprometidos em verificar declarações e rumores que ganham destaque na internet. Ao trabalhar em conjunto, os jornalistas do Comprova contextualizam e esclarecem informações potencialmente enganosas, buscando minimizar o impacto de mentiras deliberadas relacionadas aos temas que abordam.
Assista ao programa completo:
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