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Documentário Segunda Vez fala sobre de Oscar Masotta, teórico fundamental na vanguarda argentina


O documentário foi baseado em "O helicóptero", de Oscar Masotta. Crédito: Reprodução

O documentário Segunda Vez gira em torno da figura de Oscar Masotta, teórico fundamental na vanguarda argentina entre os anos 1950 e 1970. Seus estudo sobre psicanálise, Lacan e política mudaram o cenário artístico em Buenos Aires, iniciando a ditadura militar e o fim da vanguarda.


No longa metragem, Dora Garcia entrelaça uma sequência de cenas vinculadas ao ato de repetição e observação - um grupo de pessoas no topo de um penhasco, pessoas reunidas em uma sala, dos quais, tem que suportar luz e sons violentos por uma hora, uma mensagem fantasma em uma cidade, dois homens carregando uma pessoa amarrada com cordas e panos brancos em uma mata, a aparição de um helicóptero que causa uma certa alegria nas pessoas que estão no penhasco, uma biblioteca com grupos de pessoas lendo que sabem que estão sendo observados, por último uma intimação oficial misteriosa.


As cenas se repetem várias e várias vezes, porém cada vez com uma abordagem de fala diferente. No entanto, sempre com a sensação de que falta algo, talvez essa tenha sido a intensão da autora ao escrever o documentário, mostrar como nós somos privados de informações, pois o longa metragem retrata essa ideia de como essas informações nos são passadas.


Na cena que mais se sente essa ausência de informação é na sala de espera, as pessoas foram lá por conta da intimação “misteriosa” que receberam. Nessa parte, temos as mesmas informações que eles, nada acontece, nada é dito além do que deve ser dito, apenas as conversas paralelas como qualquer um de nós em qualquer sala de espera. Os personagens estão ali, mas há essa ausência.


Assim Dora Garcia narra os acontecimentos, parte por parte, cena a cena, repetição a repetição, com um resultado um tanto confuso, porem que gera uma certa reflexão sobre o que acabamos de ver, tendo assim o telespectador olhar uma segunda vez, com um olhar diferente, pois nem sempre o que parece ser é. O documentário não é uma biografia, no entanto, representa muito a narrativa de Oscar Masotta, seu trabalho, suas opções políticas e decisões.


Texto por Ivone Souza.

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