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Casos graves de obesidade crescem 72% no país

Em 10 anos foram quase 33 mil mortes no país, mesmo sendo classificada como “doença evitável” pelo Ministério da Saúde


Aceitar a realidade e encarar a balança são os primeiros desafios de muitos obesos (Créditos: Renan Faustino)


Um dos mais graves problemas de saúde mundial é a obesidade e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso em 2025. Sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30.


De acordo com o “DataSUS”, plataforma do Ministério da Saúde, no Brasil os casos graves aumentaram 72% no período de 2006 a 2019, saindo de 11,8% para 20,3%, a frequência de casos é similar em homens e mulheres. Contudo, apesar da doença ser classificada como “evitável” na plataforma, no período de junho de 2022 a junho de 2023, foram 10.439 internações de obesos no país e os óbitos causados pela doença chegaram a 32.311, de 2011 a 2021.


(Fonte: DATASUS/Créditos: Renan Faustino)


Cirurgião Geral dos principais hospitais da região da Zona da Mata Mineira, Dr. Afonso C. da Silva Filho, diz que o problema não é só o sobrepeso, mas as comorbidades atreladas à doença: “Geralmente o obeso já tem diabetes, hipertensão, doenças articulares, além de viver sofrendo. Tudo isso pode levá-lo à abreviação da vida”, explica o médico. E acrescenta: “O motivo dessa expectativa de progressão é devido à mudança nos hábitos, afinal temos mais comodidades e passamos mais tempo sentados. Existe controle remoto e aplicativos que nos fazem andar menos. A tecnologia atrapalha a saúde”, enfatiza o cirurgião.


(Fonte: DATASUS/Créditos: Renan Faustino)


Se a dieta e todos os tratamentos não invasivos foram insuficientes na busca por uma saúde melhor, um dos caminhos para resolver a situação é a realização da cirurgia bariátrica. Quem pode fugir da luta por uma vaga na disputada fila cirúrgica do SUS paga entre 25 mil e 50 mil reais para realizar a cirurgia, valores estimados pelo Instituto Progastro.


Na contramão da maioria das cidades brasileiras, Rio Doce, interior de Minas Gerais, com 2.484 habitantes, dado do Censo 2022 do IBGE, se destaca por não ter fila atualmente. O paciente que procura a rede de saúde com intenção de fazer a bariátrica é encaminhado ao cirurgião geral da região, que também é funcionário do município, Dr. Afonso Filho, e é quem faz a avaliação se o caso é cirúrgico ou não. Com o pedido aprovado, o paciente faz acompanhamento por no mínimo seis meses com nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional da

rede municipal de saúde antes do procedimento.


Em muitos municípios até as pequenas cirurgias são disputadas em filas do SUS (Créditos: Renan Faustino)


O diretor de apoio administrativo e apoio à saúde, Rodrigo de Souza Leite, afirma que de 2011 a 2021 o município realizou 18 cirurgias bariátricas e zerou a fila. E para atenuar o aumento de casos de obesos, Leite conta uma novidade: “Começamos um projeto de incentivo à prática de atividades físicas, em parceria com a secretaria de assistência social; focado nos obesos de casos moderados e mórbidos; buscando auxiliar na perda de peso e consequentemente melhorar a condição de saúde destes”, divulga.


Atualmente há quatro pessoas que iniciaram o tratamento e passarão pelos profissionais responsáveis pelos trabalhos mental e corporal e quando forem liberadas para a operação, reiniciarão a fila.


Bariátrica: quem perde ganha!

Nem sempre perder é algo negativo. É o caso da servidora pública de Rio Doce, Adriana Marcia Oliveira da Silva Rodrigues, 52 anos, que perdeu 40 quilos após uma cirurgia.


Adriana conta que não tirava fotos e essa é uma das poucas e raras ainda presente em suas redes sociais (Créditos: arquivo pessoal)


Como a obesidade nunca se apresenta sozinha, com 110 quilos, já sofria com hipertensão, risco para o diabetes, além do psicológico abalado: “Fiz dietas, acompanhamento com profissionais e tomava remédios controlados, mas nada adiantava. A última esperança era a bariátrica”, relata Adriana.



Em 2018, ela conseguiu realizar a cirurgia pelo seu município e foi um sucesso: “Mudou tudo: na primeira semana perdi oito quilos e foi ótimo”. No entanto, até hoje Rodrigues é acompanhada por uma psicológica e sente-se triste quando tem vontade de comer e não consegue, além da mudança de humor constante. Todavia diz que faria de novo: “Além da perda do peso, controlei a hipertensão e recuperei minha autoestima.” E para quem está na dúvida, é enfática: “A pessoa deve fazer por ela e não para agradar aos outros”.

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